A língua sendo uma construção humana não deveria ser uma barreira entre os indivíduos, já que foi criada justamente para facilitar a comunicação e a interação entre as pessoas. Portanto, há que se refletir sobre o uso da linguagem e a escola pode ser a grande mediadora nesse processo.
A linguagem é um instrumento de poder, desde que o homem passou a se comunicar por meio das palavras, tem sido um elemento de dominação. A comunicação foi fator determinante para o desenvolvimento da sociedade humana, porém a linguagem considerada adequada foi “criada” por uma minoria pertencente á elite e por esse motivo á linguagem do povo que nasce espontaneamente a partir de experiências, acaba sendo desprezada e inadequada para a possibilidade da ascensão social.
Quando a criança entra na escola já sabe falar. Aprendeu com os pais ou com pessoas do meio social onde vive. Ninguém aprende a falar na escola, porém a criança quando chega na escola é tratada como se não soubesse falar, no entanto uma pessoa pode dominar a norma culta da língua, mas isso não significa que ela não possa se comunicar.
Marcos Bagno desmistifica a alegação de que português é difícil, lembrando de que uma criança entre os três e quatro anos de idade já domina as regras gramaticais de sua língua. O que ela não conhece são os trejeitos específicos, as sutilezas, sofisticações e irregularidades que permeiam essas regras; isso só vem mais tarde, com a leitura e o estudo. As pessoas que não têm instrução não falam errados, mas não têm domínio dos aspectos fundamentais da linguagem e acabam por utilizar variante não-padrão para se expressar.
A prática educativa não é simplesmente uma exigência da sociedade, mas é o caminho que conduz aos conhecimentos necessários para a convivência na sociedade. Pelas camadas populares, a escola é aspirada como forma de melhoria de vida, pela possibilidade que nela concentra de obter melhor emprego e da participação na “cultura letrada”.
Sendo assim, cabe à escola e ao professor conhecer cada criança e respeitar as diferenças. É preciso, ainda, considerar que a leitura e a escrita demandam processo de ensino e aprendizagem específico.
REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. A norma oculta: língua & poder na sociedade brasileira.Ed.Parábola.São Paulo, 2003.
BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico – o que é, como se faz. ED. Loyola.33ª ED. São Paulo, 2004.
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