domingo, 27 de maio de 2012

LEITURA


REFLEXÃO SOBRE A LEITURA

            O habito de leitura pode ser considerada como um dos principais eixos do processo de ensino-aprendizagem. Por meio dele podemos favorecer a continua apropriação e ampliação do conhecimento, a interação com o mundo, a valorização sócio-cultural da sociedade e o desenvolver das competências de leitura e de produção textual. No entanto, são constantes as queixas dos professores em relação ao desinteresse dos alunos pela leitura, a qual parece ser um ciclo comum a todas as escolas. Nas escolas a natureza dos textos canônicos exigidos ao currículo estudantil, o apelo ao ensino de dados biográficos de “grandes” escritores e os fatos culturais que não reflexão sobre o fenômeno literário da comunidade em que a escola está inserida são possíveis causas do desinteresse discente, ou ainda, o desconhecimento dos gêneros textuais produzidos e utilizados no contexto social de cada indivíduo.
            Apesar de se tratar de uma criação individual, o texto literário possui um enfoque social determinada pelas necessidades vitais ou pela gratuidade de vivências sociais de cada pessoa, dando-lhe cunho de pertencimento e de ampla aceitação social.  Muitas vezes, a  leitura de textos populares ou locais é considerada um gênero menor pela sua linguagem simples e pela alta gama de oralidade. Outras vezes é vista com único propósito de divertir, contudo, muitos gêneros ultrapassaram séculos tão somente por suportes orais, contados de geração a geração, provando assim seu alto teor textual de imagens, composições e símbolos que permanece por gerações na funcionalidade. Assim, podemos afirmar que a leitura e produção os gêneros discursivos traduzem verdades individuais que estão intimamente ligadas às verdades do universo sócio-cultural.
            Na abordagem socio-interacionista de Bakhtin(1953) a partir do termo “gênero do discurso, desenvolve uma nova visão de como os textos adquirem identidades específicas, centrada em uma noção de dialogo, uma visão de interação entre os interlocutores e,  toma as relações  do enunciado que está sendo produzido com os produzidos anteriormente e com os que virão”.  No plano literário o discurso utiliza-se das formas poéticas, narrativas e dramáticas para materializar-se em gêneros como as canções, cantigas, sonetos, trovas, romances, contos, crônicas, fábulas, tragédias, comédias, dramas, entre outros.
            A produção local merece ser identificada, analisada e selecionada para entrar no rol das leituras literárias e escolares, não só por se tratar de produção local, mas sim, porque deveremos encontrar entre estas obras: a vivência concreta do aluno e de seus familiares e principalmente uma alta gama de variações de gêneros textuais, possivelmente o envolvimento à leitura, representada pela realidade do contexto sócio-cultural e da linguagem formulada na comunidade discursiva em que foi gerada. A literatura local pode vir a ser considerada uma verdadeira riqueza inexplorada, mais próxima do alcance comunitário, e um eficaz instrumento de valorização e inclusão da leitura partir da formação da identidade sócio-cultural do individuo e da família em que está inserido.
            Dar visibilidade a estes estudos, dispersos sobre a temática dos gêneros, é uma tarefa merecedora de atenção, quando se acredita que oportunizar o diálogo entre a literatura e a produção local é vital para a consolidação de uma sociedade inclusiva.
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