REFLEXÃO SOBRE A LEITURA
O
habito de leitura pode ser considerada como um dos principais eixos do processo
de ensino-aprendizagem. Por meio dele podemos favorecer a continua apropriação
e ampliação do conhecimento, a interação com o mundo, a valorização
sócio-cultural da sociedade e o desenvolver das competências de leitura e de
produção textual. No entanto, são constantes as queixas dos professores em
relação ao desinteresse dos alunos pela leitura, a qual parece ser um ciclo
comum a todas as escolas. Nas escolas a natureza dos textos canônicos exigidos
ao currículo estudantil, o apelo ao ensino de dados biográficos de “grandes”
escritores e os fatos culturais que não reflexão sobre o fenômeno literário da
comunidade em que a escola está inserida são possíveis causas do desinteresse
discente, ou ainda, o desconhecimento dos gêneros textuais produzidos e
utilizados no contexto social de cada indivíduo.
Apesar
de se tratar de uma criação individual, o texto literário possui um enfoque
social determinada pelas necessidades vitais ou pela gratuidade de vivências
sociais de cada pessoa, dando-lhe cunho de pertencimento e de ampla aceitação
social. Muitas vezes, a leitura de textos populares ou locais é
considerada um gênero menor pela sua linguagem simples e pela alta gama de
oralidade. Outras vezes é vista com único propósito de divertir, contudo,
muitos gêneros ultrapassaram séculos tão somente por suportes orais, contados
de geração a geração, provando assim seu alto teor textual de imagens,
composições e símbolos que permanece por gerações na funcionalidade. Assim,
podemos afirmar que a leitura e produção os gêneros discursivos traduzem
verdades individuais que estão intimamente ligadas às verdades do universo
sócio-cultural.
Na
abordagem socio-interacionista de Bakhtin(1953) a partir do termo “gênero do discurso, desenvolve uma nova
visão de como os textos adquirem identidades específicas, centrada em uma noção
de dialogo, uma visão de interação entre os interlocutores e, toma as relações do enunciado que está sendo produzido com os
produzidos anteriormente e com os que virão”.
No plano literário o discurso utiliza-se das formas poéticas, narrativas
e dramáticas para materializar-se em gêneros como as canções, cantigas, sonetos,
trovas, romances, contos, crônicas, fábulas, tragédias, comédias, dramas, entre
outros.
A produção local merece
ser identificada, analisada e selecionada para entrar no rol das leituras
literárias e escolares, não só por se tratar de produção local, mas sim, porque
deveremos encontrar entre estas obras: a vivência concreta do aluno e de seus
familiares e principalmente uma alta gama de variações de gêneros textuais,
possivelmente o envolvimento à leitura, representada pela realidade do contexto
sócio-cultural e da linguagem formulada na comunidade discursiva em que foi
gerada. A literatura local pode vir a ser considerada uma verdadeira riqueza
inexplorada, mais próxima do alcance comunitário, e um eficaz instrumento de
valorização e inclusão da leitura partir da formação da identidade
sócio-cultural do individuo e da família em que está inserido.
Dar
visibilidade a estes estudos, dispersos sobre a temática dos gêneros, é uma
tarefa merecedora de atenção, quando se acredita que oportunizar o diálogo
entre a literatura e a produção local é vital para a consolidação de uma
sociedade inclusiva.
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