segunda-feira, 2 de abril de 2012

PROGRAMA CORREÇÃO DE FLUXO



PROGRAMA CORREÇÃO DE FLUXO

  1. JUSTIFICATIVA/ FUNDAMENTAÇÃO

Foi realizado um levantamento de dados quantitativos dos estudantes com mais de 13 anos que frequentam os quintos e sextos anos (séries) na rede estadual de educação de Santa Catarina no ano de 2011, e se constatou relevante distorção entre série e idade. A distorção idade série decorre de inúmeros fatores, entre eles apontamos o ingresso tardio à escola por viver distante de Unidades Escolares e deficiência no transporte, ingresso tardio por ser portador de necessidade especial e ter frequentado espaços específicos como APAES, e na grande maioria dos casos por retenção, em consequência da reprovação. Assim a retenção é um dos aspectos a qual temos obrigação de pesquisar, entender e deter seu avanço. Nesse sentido, há a necessidade de oferecer o atendimento e que permita a correção do fluxo idade/série e a recuperação dos saberes que lhes possibilitem o ingresso no Ensino Médio com condições de permanência e aproveitamento.

Para muitos educadores a reprovação é defendida como forma de pressionar o aluno a estudar, a se comprometer com os processos de escolarização. Há ainda os que defendam a retenção para que haja efetivamente a aprendizagem de conteúdos não aprendidos que acabariam por não permitir sucesso do estudante na série seguinte. E sem dúvida uma prática bastante condenada, ainda é atual a prática da reprovação como castigo por indisciplina e mau comportamento.

Em contraponto estudos da sociologia da educação e da pedagogia demonstram que a reprovação pode ser consequência de vários fatores, isolados ou em conjunto. Existem dificuldades que estão ligadas à questão da aprendizagem anterior, como falta de base, aulas desinteressantes, sistema de avaliação inadequado, questões psicológicas e relacionamento com os professores e colegas, No entanto, os estudiosos são unânimes em afirmar que esta é uma experiência desnecessária porque, além de ser um atraso na vida acadêmica do estudante, influencia negativamente na autoestima da criança ou do adolescente. Este é um importante aspecto para o trabalho em direção ao sucesso escolar, saber que todos podem aprender e empreender com o aluno a desconstrução de estigmas, que por certo, ele carrega de seu histórico de fracasso escolar. Entendemos que esta atitude deve ser assumida por todos que venham a desempenhar suas ações em turmas de correção idade/série.

O pesquisador Bernard Charlot em sua obra Relação com o saber formação de professores e globalização (2005) explicita que a relação com o saber é uma condição que se estabelece desde o nascimento, uma vez que "nascer significa ver-se submetido à obrigação de aprender". A condição humana exige que seja feito um movimento, "longo, complexo e nunca acabado", no sentido de se apropriar (parcialmente) de um mundo preexistente. Essa apropriação obrigatória desencadeia três processos: de hominização (tornar-se homem), singularização (tornar-se exemplar único) e socialização (tornar-se membro de uma comunidade).

O ato de construir-se e ser construído pelos outros é a própria Educação, entendida de forma ampla, em situações que ocorrem dentro e fora da escola. É por meio de suas experiências que a criança, toma contato com as muitas maneiras de aprender. Ela pode adquirir um saber específico, no sentido de compreender um conteúdo intelectual (a gramática, a Matemática, a história da arte), pode dominar um objeto ou uma atividade (como caminhar, amarrar os sapatos, nadar) e pode aprender formas de se relacionar com os outros no mundo (saber cumprimentar as pessoas, ter boas maneiras à mesa).

Nesse ir e vir da relação com o mundo, com os outros e consigo mesmo, se forma o desejo de aprender. É esse desejo que propulsiona a criança em direção ao saber. Em pesquisas de campo, Charlot e sua equipe identificaram que esse "direcionar-se para o saber" pressupõe um movimento de mobilização - e não simplesmente de motivação. "O conceito de mobilização se refere à dinâmica interna, traz a ideia de movimento e tem a ver com a trama dos sentidos que o aluno vai dando às suas ações", explica Jaime Giolo, professor titular da pós-graduação em Educação da Universidade de Passo Fundo (UPF) e estudioso do pensamento de Charlot. "A motivação, por sua vez, tem a ver com uma ação externa, enfatizando o fato de que se é motivado por alguém ou algo."

Convém considerar que a apropriação do conhecimento é um direito social previsto pela Constituição Federal de 1988, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/LDBEN 9394/1996, Estatuto da Criança e Adolescente, portanto é responsabilidade do Estado propiciar condições para que este direito seja garantido com qualidade. A correção de fluxo, ou aceleração de estudos para alunos com distorção idade/série, é garantida no Artigo 24, inciso, V alínea b da LDBEN 9394/1996.

Com este entendimento, passa-se a adotar uma postura profissional em que se faz necessário produzir condições específicas para a aprendizagem destes meninos e meninas que tem a singularidade de estarem no limiar da infância e da juventude, que tem dificuldade em se identificarem nas metodologias tradicionais de ensino e aprendizagem e que não concebem os conteúdos escolares como parte integrantes de suas vidas, assim a relação com os saberes exige um novo movimento de tempo-espaço, de metodologia diversificada e de foco num currículo com significado. Pois só com estas condições se oportuniza a conclusão do Ensino Fundamental com as competências necessárias a continuidade dos estudos.

2. OBJETIVOS

· Corrigir o fluxo idade/série de 100% dos estudantes do Ensino Fundamental.

· Recuperar os saberes que possibilite terminalidade deste contingente no Ensino Fundamental e ingresso no Ensino Médio com condições de permanência e aproveitamento.

3. COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES

3.1 SED – Organiza a Política de correção de fluxo idade/série, produz programa factível as escolas, designa a coordenação do Projeto nas Gerências Regionais de Ensino que ficará ao encargo do Supervisor de Educação Básica e Integrador de Ensino Fundamental, pela formação dos professores e outros profissionais envolvidos no processo, e, produção de materiais didáticos.

3.2 GEREDs – Designar os profissionais de Ensino para coordenar a implantação do Programa nas escolas, acompanhar seu desenvolvimento através de reuniões, participação em Conselhos de classe e atividades dos comitês e trabalhos que o órgão central os convoquem.

3.3 UNIDADE ESCOLAR – Reestruturar o PPP desenturmando os alunos com distorção idade-série, do contingente de estudantes do 5º e 6º ano, para enturmá-los em turma de correção de fluxo. Cada escola onde será implantado o projeto vai elaborar um diagnóstico dos estudantes que irão frequentar estas classes, frente ao currículo descrito no documento “Orientação Curricular com foco no que ensinar: Conceitos e Conteúdos para a Educação Básica-2011”. Questionando: Quantos dominam a escrita? Quantos leem e escrevem? Quantos dominam os cálculos? Após o diagnóstico dos estudantes elegíveis para o programa a escola organizará novas formas de enturmação para que num período de um ano estes concluam o Ensino Fundamental. Viabilizar espaço físico (sala) para o funcionamento da(s) turma(s).

3.3.1 O aluno com deficiência

O aluno com deficiência não será eletivo para o Programa de Correção de Fluxo. Após estudos com estabelecimento explícito de critérios produzidos pela Fundação Catarinense de Educação Especial, estes alunos poderão ser incluídos em tempo oportuno no programa.

3.3.2 A coordenação do programa na escola será desenvolvida por:

a) Diretor da Escola

b) Assistente Técnico Pedagógico (40 horas)

c) Orientador/Supervisor/Administrador escolar (Especialista)

A coordenação Pedagógica deve estar a cargo do ATP ou Especialista em assuntos Educacionais e nas escolas onde não houver este profissional a cargo do Diretor. Compete a este coordenador assegurar o Planejamento coletivo, onde as demais áreas do conhecimento se envolvam e contribuam com textos e materiais que serão a base do trabalho de leitura e escritura desenvolvido com os estudantes, articulando todas as disciplinas inerentes ao Ensino Fundamental. O coordenador pedagógico deve organizar estudos sobre avaliação do processo ensino e aprendizagem auxiliando os professores em suas necessidades para o sucesso do projeto.

3.3.3 Professores

Os professores que atuarão diretamente com as turmas de correção de fluxo serão licenciados nas seguintes disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, Artes e Educação Física.

A escolha por estas disciplinas se deve ao fato de que a escrita e a leitura são aspectos fundamentais da Língua Portuguesa e igualmente importantes para a formação inicial dos educandos possibilitando a apropriação, interpretação e entendimento das demais áreas do conhecimento. O raciocínio lógico presente ensino da Matemática possibilita o entendimento e compreensão do mundo nos aspectos práticos da vida cotidiana. Outro fator são os índices apontados pelos Sistemas de Avaliação do MEC – Prova Brasil e SAEB.

As disciplinas de Artes e Educação Física permitem o desenvolvimento dos elementos motores e artísticos que facilitam a compreensão e apropriação do conhecimento. Ainda, é importante salientar, que, embora estejam previstas estas disciplinas curriculares, os conteúdos deverão ser desenvolvidos a partir da perspectiva interdisciplinar, com planejamento das aulas a partir de Projetos ou Atividades de Aprendizagem que envolve todos os conteúdos curriculares para o Ensino Fundamental. Por isso, os professores das demais disciplinas deverão atuar no projeto, especialmente no planejamento.

  1. Matriz Curricular

2231

10 horas para Matemática/2 horas aulas de planejamento coletivo;

10 horas para Língua Portuguesa/2 horas aulas de planejamento coletivo;

03 Artes/2 horas aulas de planejamento coletivo;

02 Educação Física/2 horas aulas de planejamento coletivo

DISCIPLINAS

CARGA HORÁRIA ALUNO

LÍNGUA PORTUGUESA

10

MATEMÁTICA

10

ARTES

03

EDUCAÇÃO FÍSICA

02

TOTAL

25

Matriz 2256 – Matriz Planejamento - Curricular

CARGA HORÁRIA PROFESSOR

DISCIPLINAS

02

LP

02

MTM

02

EF

02

Artes

08

Simulação de horário escolar:

2ª feira

3ª Feira

4ª Feira

5ª Feira

6ª Feira

LP

MTM

Artes

MTM

MTM

LP

MTM

LP

MTM

MTM

MTM

EF

LP

LP

Artes

MTM

LP

MTM

LP

LP

Artes

LP

MTM

EF

LP

  1. COMPOSIÇÃO DAS TURMAS

As turmas serão formadas preferencialmente pelos alunos já matriculados na Unidade Escolar. Todos os alunos desenturmados de 5º ou 6º anos, do EF de 09 (nove) anos e dos de 6ª série do EF de 08 ( oito) anos formarão uma única turma com terminalidade de Ensino Fundamental, equivalente ao 9º ano, e /ou, 8ª série.

Número de alunos por sala

Mínimo: 12

Máximo: 25

Idade: 13 anos ou mais para quem estiver no 5º e 6º ano do EF de 09 anos, 14 anos ou mais para quem estiver no 6º série do EF de 08 anos.

  1. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E EQUIPE

- Cursos e ou seminários de formação para os professores das disciplinas curriculares das turmas, coordenado pelas GEREDs;

- Curso e ou seminários de formação para a equipe pedagógica e administrativa das escolas que terão as turmas, coordenado pelas GEREDs;

- Oficinas de atividades pedagógicas com os profissionais envolvidos;

- Reuniões periódicas seguindo o fluxograma: SED – GERED – ESCOLA – POFESSORES;

- Pensar uma política efetiva de formação e metodologia para os anos iniciais do EF – compromisso em alfabetizar efetivamente as crianças até o terceiro ano do Ensino Fundamental e solidificar a alfabetização até o 5º ano, sem retenção. (Sugestão - transformar em Projeto de Lei).

7. AVALIAÇÃO

Realizada por todos os envolvidos, incluindo alunos e pais, a partir das atividades realizadas e dos objetivos alcançados. Organizar um instrumento próprio para o Programa vinculado a matriz curricular.

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