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PROGRAMA CORREÇÃO DE FLUXO
- JUSTIFICATIVA/ FUNDAMENTAÇÃO
Foi realizado um levantamento de dados quantitativos dos estudantes com mais de 13 anos que frequentam os quintos e sextos anos (séries) na rede estadual de educação de Santa Catarina no ano de 2011, e se constatou relevante distorção entre série e idade. A distorção idade série decorre de inúmeros fatores, entre eles apontamos o ingresso tardio à escola por viver distante de Unidades Escolares e deficiência no transporte, ingresso tardio por ser portador de necessidade especial e ter frequentado espaços específicos como APAES, e na grande maioria dos casos por retenção, em consequência da reprovação. Assim a retenção é um dos aspectos a qual temos obrigação de pesquisar, entender e deter seu avanço. Nesse sentido, há a necessidade de oferecer o atendimento e que permita a correção do fluxo idade/série e a recuperação dos saberes que lhes possibilitem o ingresso no Ensino Médio com condições de permanência e aproveitamento.
Para muitos educadores a reprovação é defendida como forma de pressionar o aluno a estudar, a se comprometer com os processos de escolarização. Há ainda os que defendam a retenção para que haja efetivamente a aprendizagem de conteúdos não aprendidos que acabariam por não permitir sucesso do estudante na série seguinte. E sem dúvida uma prática bastante condenada, ainda é atual a prática da reprovação como castigo por indisciplina e mau comportamento.
Em contraponto estudos da sociologia da educação e da pedagogia demonstram que a reprovação pode ser consequência de vários fatores, isolados ou em conjunto. Existem dificuldades que estão ligadas à questão da aprendizagem anterior, como falta de base, aulas desinteressantes, sistema de avaliação inadequado, questões psicológicas e relacionamento com os professores e colegas, No entanto, os estudiosos são unânimes em afirmar que esta é uma experiência desnecessária porque, além de ser um atraso na vida acadêmica do estudante, influencia negativamente na autoestima da criança ou do adolescente. Este é um importante aspecto para o trabalho em direção ao sucesso escolar, saber que todos podem aprender e empreender com o aluno a desconstrução de estigmas, que por certo, ele carrega de seu histórico de fracasso escolar. Entendemos que esta atitude deve ser assumida por todos que venham a desempenhar suas ações em turmas de correção idade/série.
O pesquisador Bernard Charlot em sua obra Relação com o saber formação de professores e globalização (2005) explicita que a relação com o saber é uma condição que se estabelece desde o nascimento, uma vez que "nascer significa ver-se submetido à obrigação de aprender". A condição humana exige que seja feito um movimento, "longo, complexo e nunca acabado", no sentido de se apropriar (parcialmente) de um mundo preexistente. Essa apropriação obrigatória desencadeia três processos: de hominização (tornar-se homem), singularização (tornar-se exemplar único) e socialização (tornar-se membro de uma comunidade).
O ato de construir-se e ser construído pelos outros é a própria Educação, entendida de forma ampla, em situações que ocorrem dentro e fora da escola. É por meio de suas experiências que a criança, toma contato com as muitas maneiras de aprender. Ela pode adquirir um saber específico, no sentido de compreender um conteúdo intelectual (a gramática, a Matemática, a história da arte), pode dominar um objeto ou uma atividade (como caminhar, amarrar os sapatos, nadar) e pode aprender formas de se relacionar com os outros no mundo (saber cumprimentar as pessoas, ter boas maneiras à mesa).
Nesse ir e vir da relação com o mundo, com os outros e consigo mesmo, se forma o desejo de aprender. É esse desejo que propulsiona a criança em direção ao saber. Em pesquisas de campo, Charlot e sua equipe identificaram que esse "direcionar-se para o saber" pressupõe um movimento de mobilização - e não simplesmente de motivação. "O conceito de mobilização se refere à dinâmica interna, traz a ideia de movimento e tem a ver com a trama dos sentidos que o aluno vai dando às suas ações", explica Jaime Giolo, professor titular da pós-graduação em Educação da Universidade de Passo Fundo (UPF) e estudioso do pensamento de Charlot. "A motivação, por sua vez, tem a ver com uma ação externa, enfatizando o fato de que se é motivado por alguém ou algo."
Convém considerar que a apropriação do conhecimento é um direito social previsto pela Constituição Federal de 1988, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/LDBEN 9394/1996, Estatuto da Criança e Adolescente, portanto é responsabilidade do Estado propiciar condições para que este direito seja garantido com qualidade. A correção de fluxo, ou aceleração de estudos para alunos com distorção idade/série, é garantida no Artigo 24, inciso, V alínea b da LDBEN 9394/1996.
Com este entendimento, passa-se a adotar uma postura profissional em que se faz necessário produzir condições específicas para a aprendizagem destes meninos e meninas que tem a singularidade de estarem no limiar da infância e da juventude, que tem dificuldade em se identificarem nas metodologias tradicionais de ensino e aprendizagem e que não concebem os conteúdos escolares como parte integrantes de suas vidas, assim a relação com os saberes exige um novo movimento de tempo-espaço, de metodologia diversificada e de foco num currículo com significado. Pois só com estas condições se oportuniza a conclusão do Ensino Fundamental com as competências necessárias a continuidade dos estudos.
2. OBJETIVOS
· Corrigir o fluxo idade/série de 100% dos estudantes do Ensino Fundamental.
· Recuperar os saberes que possibilite terminalidade deste contingente no Ensino Fundamental e ingresso no Ensino Médio com condições de permanência e aproveitamento.
3. COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES
3.1 SED – Organiza a Política de correção de fluxo idade/série, produz programa factível as escolas, designa a coordenação do Projeto nas Gerências Regionais de Ensino que ficará ao encargo do Supervisor de Educação Básica e Integrador de Ensino Fundamental, pela formação dos professores e outros profissionais envolvidos no processo, e, produção de materiais didáticos.
3.2 GEREDs – Designar os profissionais de Ensino para coordenar a implantação do Programa nas escolas, acompanhar seu desenvolvimento através de reuniões, participação em Conselhos de classe e atividades dos comitês e trabalhos que o órgão central os convoquem.
3.3 UNIDADE ESCOLAR – Reestruturar o PPP desenturmando os alunos com distorção idade-série, do contingente de estudantes do 5º e 6º ano, para enturmá-los em turma de correção de fluxo. Cada escola onde será implantado o projeto vai elaborar um diagnóstico dos estudantes que irão frequentar estas classes, frente ao currículo descrito no documento “Orientação Curricular com foco no que ensinar: Conceitos e Conteúdos para a Educação Básica-2011”. Questionando: Quantos dominam a escrita? Quantos leem e escrevem? Quantos dominam os cálculos? Após o diagnóstico dos estudantes elegíveis para o programa a escola organizará novas formas de enturmação para que num período de um ano estes concluam o Ensino Fundamental. Viabilizar espaço físico (sala) para o funcionamento da(s) turma(s).
3.3.1 O aluno com deficiência
O aluno com deficiência não será eletivo para o Programa de Correção de Fluxo. Após estudos com estabelecimento explícito de critérios produzidos pela Fundação Catarinense de Educação Especial, estes alunos poderão ser incluídos em tempo oportuno no programa.
3.3.2 A coordenação do programa na escola será desenvolvida por:
a) Diretor da Escola
b) Assistente Técnico Pedagógico (40 horas)
c) Orientador/Supervisor/Administrador escolar (Especialista)
A coordenação Pedagógica deve estar a cargo do ATP ou Especialista em assuntos Educacionais e nas escolas onde não houver este profissional a cargo do Diretor. Compete a este coordenador assegurar o Planejamento coletivo, onde as demais áreas do conhecimento se envolvam e contribuam com textos e materiais que serão a base do trabalho de leitura e escritura desenvolvido com os estudantes, articulando todas as disciplinas inerentes ao Ensino Fundamental. O coordenador pedagógico deve organizar estudos sobre avaliação do processo ensino e aprendizagem auxiliando os professores em suas necessidades para o sucesso do projeto.
3.3.3 Professores
Os professores que atuarão diretamente com as turmas de correção de fluxo serão licenciados nas seguintes disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, Artes e Educação Física.
A escolha por estas disciplinas se deve ao fato de que a escrita e a leitura são aspectos fundamentais da Língua Portuguesa e igualmente importantes para a formação inicial dos educandos possibilitando a apropriação, interpretação e entendimento das demais áreas do conhecimento. O raciocínio lógico presente ensino da Matemática possibilita o entendimento e compreensão do mundo nos aspectos práticos da vida cotidiana. Outro fator são os índices apontados pelos Sistemas de Avaliação do MEC – Prova Brasil e SAEB.
As disciplinas de Artes e Educação Física permitem o desenvolvimento dos elementos motores e artísticos que facilitam a compreensão e apropriação do conhecimento. Ainda, é importante salientar, que, embora estejam previstas estas disciplinas curriculares, os conteúdos deverão ser desenvolvidos a partir da perspectiva interdisciplinar, com planejamento das aulas a partir de Projetos ou Atividades de Aprendizagem que envolve todos os conteúdos curriculares para o Ensino Fundamental. Por isso, os professores das demais disciplinas deverão atuar no projeto, especialmente no planejamento.
- Matriz Curricular
2231
10 horas para Matemática/2 horas aulas de planejamento coletivo;
10 horas para Língua Portuguesa/2 horas aulas de planejamento coletivo;
03 Artes/2 horas aulas de planejamento coletivo;
02 Educação Física/2 horas aulas de planejamento coletivo
DISCIPLINAS | CARGA HORÁRIA ALUNO |
LÍNGUA PORTUGUESA | 10 |
MATEMÁTICA | 10 |
ARTES | 03 |
EDUCAÇÃO FÍSICA | 02 |
TOTAL | 25 |
Matriz 2256 – Matriz Planejamento - Curricular
CARGA HORÁRIA PROFESSOR | DISCIPLINAS |
02 | LP |
02 | MTM |
02 | EF |
02 | Artes |
08 |
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Simulação de horário escolar:
2ª feira | 3ª Feira | 4ª Feira | 5ª Feira | 6ª Feira |
LP | MTM | Artes | MTM | MTM |
LP | MTM | LP | MTM | MTM |
MTM | EF | LP | LP | Artes |
MTM | LP | MTM | LP | LP |
Artes | LP | MTM | EF | LP |
- COMPOSIÇÃO DAS TURMAS
As turmas serão formadas preferencialmente pelos alunos já matriculados na Unidade Escolar. Todos os alunos desenturmados de 5º ou 6º anos, do EF de 09 (nove) anos e dos de 6ª série do EF de 08 ( oito) anos formarão uma única turma com terminalidade de Ensino Fundamental, equivalente ao 9º ano, e /ou, 8ª série.
Número de alunos por sala
Mínimo: 12
Máximo: 25
Idade: 13 anos ou mais para quem estiver no 5º e 6º ano do EF de 09 anos, 14 anos ou mais para quem estiver no 6º série do EF de 08 anos.
- FORMAÇÃO DE PROFESSORES E EQUIPE
- Cursos e ou seminários de formação para os professores das disciplinas curriculares das turmas, coordenado pelas GEREDs;
- Curso e ou seminários de formação para a equipe pedagógica e administrativa das escolas que terão as turmas, coordenado pelas GEREDs;
- Oficinas de atividades pedagógicas com os profissionais envolvidos;
- Reuniões periódicas seguindo o fluxograma: SED – GERED – ESCOLA – POFESSORES;
- Pensar uma política efetiva de formação e metodologia para os anos iniciais do EF – compromisso em alfabetizar efetivamente as crianças até o terceiro ano do Ensino Fundamental e solidificar a alfabetização até o 5º ano, sem retenção. (Sugestão - transformar em Projeto de Lei).
7. AVALIAÇÃO
Realizada por todos os envolvidos, incluindo alunos e pais, a partir das atividades realizadas e dos objetivos alcançados. Organizar um instrumento próprio para o Programa vinculado a matriz curricular.
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