quinta-feira, 5 de abril de 2012

ORIENTAÇÕES CURRICULARES PROGRAMA CORREÇÃO DE FLUXO

Orientações curriculares e didático-pedagógicas para o Programa de Correção de Fluxo – 2012[1]

Este documento está diretamente articulado, do ponto de vista legal e teórico-metodológico, aos documentos publicados pelo Conselho Nacional de Educação, Ministério da Educação, Conselho Estadual de Educação e Secretaria de Estado da Educação, além do que sua leitura e aplicação estão vinculadas ao Programa de Correção de Fluxo – 2012 e ao documento Orientação Curricular com Foco no que Ensinar: Conceitos e Conteúdos para a educação Básica (Documento Preliminar) da Diretoria de Educação Básica e Profissional com vistas à erradicação da distorção idade/série nas escolas da rede estadual de ensino.

O foco da atuação pedagógica incide sobre as habilidades de leitura, de produção textual escrita, sobretudo, e de cálculo. Para tanto, a Língua Portuguesa, a Matemática, a Arte e a Educação Física planejarão e desenvolverão atividades de aprendizagem voltadas às habilidades referidas.

A escolha por estas disciplinas se deve ao fato de que a aprendizagem e o uso social da leitura e da escrita são aspectos fundamentais para a formação dos educandos possibilitando a compreensão, a interpretação e a apropriação de saberes das áreas do conhecimento através da linguagem. O raciocínio lógico, presente no ensino da Matemática, possibilita a compreensão o entendimento do mundo nos aspectos práticos da vida cotidiana.

As disciplinas de Artes e Educação Física através da corporeidade, do movimento, da simetria, da lateralidade, da estética, da cultura, entre outras, permitem a compreensão e apropriação do conhecimento sobre corpo, sobre cultura, sobre linguagem e sobre a arte. É importante salientar que, embora estejam previstas estas disciplinas curriculares, os conceitos/conteúdos deverão ser desenvolvidos a partir de uma perspectiva transdisciplinar, com planejamento das aulas realizado articuladamente entre os docentes e a coordenação pedagógica, para que se executem, como dito anteriormente, Projetos ou Atividades de Aprendizagem.

O planejamento deverá ser articulado com e entre os quatro professores resultando em postura e ação docente mais qualificada para que o estudante aprenda a ler, a falar em diferentes contextos sociais de uso da oralidade, a escrever (em) para os diferentes contextos de uso da escrita e a calcular, isto é, possibilitar a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da economia, da tecnologia, das artes, da cultura e dos valores que fundamentam a sociedade: consolidação da alfabetização com letramento na área da linguagem e da matemática.

Levando em consideração as aproximações entre letramento e o numeramento, trazemos o conceito de “letramento matemático” postulado por Machado (2003, p.135) e citado por Gonçalves (2010),

(...) um processo do sujeito que chega ao estudo da Matemática, visando aos conhecimentos e habilidades acerca dos sistemas notacionais da sua língua natural e da Matemática, aos conhecimentos conceituais e das operações, a adaptar-se ao raciocínio lógico abstrativo e dedutivo, com o auxílio e por meio das práticas notacionais, como de perceber a Matemática na escrita convencionada com notabilidade para ser estudada, compreendida e construída com a aptidão desenvolvida para a sua leitura e para a sua escrita.

A concepção em que está ancorado esse conceito compreende a leitura e a escrita como principal estrutura de formação. Gonçalves (2010, p. 7) acrescenta que “a leitura e escrita são, sem dúvida, a base para que estruturas mais complexas de pensamento e formas diversificadas de raciocínios lógicos, se construam”.

Sendo assim, cabe algumas ponderações sobre leitura e produção escrita no campo pedagógico, as quais apresentamos a seguir.

Considerações sobre a leitura e a escrita como fatores de aprendizagem

1- As atividades de leitura e de escrita devem ser planejadas em conjunto, em um continuum, de tal maneira que a primeira (leitura) se encaminhe e resulte na segunda (escrita);

2- é preciso considerar quando do planejamento docente das aulas:

  • a idade (da criança ou do adolescente);
  • seu momento cognitivo no processo de aprendizagem da leitura e da escrita,
  • sua prática e envolvimento como leitor e como produtor de texto escrito.

3- Para o sucesso na execução das atividades planejadas, o professor precisa conhecer previamente o material pedagógico a ser utilizado nas dinâmicas didático-pedagógicas (sugerimos os cadernos do GESTAR II – Língua Portuguesa e Matemática). Faz-se necessário realizar estudo das possibilidades de uso pedagógico, considerando: o formato (configuração do texto), as ilustrações, o enredo, o autor (sua história), a editora, o ano de edição, o suporte; enfim demais informações para amplo conhecimento sobre o objeto de estudo.

I- LEITURA: alguns aspectos teóricos

Leitura em seu sentido lato, corresponde a um processo constituído de quatro momentos indissociáveis e absolutamente articulados, mas que, para efeitos de compreensão pedagógica, aparecem, aqui, separados:

1- Decodificação: instante da leitura em voz alta ou mesmo silenciosa em que o leitor fixa o olhar no texto escrito e, através da visão, encaminha para o cérebro os sinais gráficos, decodificando-os (letras e demais sinais gráficos que compõem o sistema escrito) em sinais acústicos (fonemas/sons da fala).

Exemplo: Ao ler o texto abaixo, constituído de logatomas (palavras criadas para fins experimentais, sem valor semântico) o leitor apenas acessa à decodificação, porém não avança para adiante no processo de leitura pois não atribui significado às palavras dado que não são da Língua Portuguesa e tampouco possui registros em sua memória semântica.

Mirimi e Gissitar

Era uma vez dois trafelnos, Mirimi e Gissitar. Os dois trafelnos eporavam longe das perlogas. Num masto porém, um dos trafelnos, Mirimi, felnou que ramalia rizar uma perloga. Gissitar regou muito. Ele rusbia que Mirimi não rizaria mais da perloga.

Gissitar felnou, felnou, regou, regou, mas nada. Mirimi estava leruando: romalia, rizar uma perloga. No masto do fabeti, procou Gissitar e os dois rizaram apeli. Gissitar não romalia clinar Mirimi.

2- Compreensão: instante em que, decodificada cada palavra, o leitor atribui significados que estão no plano da memória semântica (memória dos significados).

Exemplo:

Referência: Dicionário Eletrônico Houaiss, versão 1.0, Dez/2001.

MESA:

substantivo feminino

1 Rubrica: mobiliário.

móvel composto de um tampo horizontal, de formatos diversos, repousando sobre um ou mais pés, e que ger. se destina a fins utilitários: refeições, jogos, escrita, costura, apoio etc.

Ex.:

3- Interpretação: instante em que o leitor articula o significado a sua representação de mundo e produz um sentido (contextual) ao texto como um todo.

Exemplo:

“Só a mesa nos leva boa parte do salário.”

“Ponha a mesa.”

“Alguém fazer parte da mesa em um congresso.”

“Eleger a mesa diretora, ou a presidência da mesa.”

É necessário que o leitor compreenda o significado de mesa dado no item 02 para atribua os diferentes sentidos decorrentes do contexto de uso da palavra.

4- Apropriação e/ ou expansão de conhecimento (conceitos): instante em que o leitor, vencidas as etapas anteriores, internaliza, ou seja, se apropria de um conhecimento com o qual lidou no plano externo (interpsicológico).

II- ESCRITA: alguns aspectos teóricos

Leitura e produção escrita se fundem no processo escolar de ensino-aprendizagem dessas habilidades. Por isso, para iniciar qualquer produção escrita, há que se considerar a leitura como um processo, tal qual o explicitado anteriormente.

Considera-se, para o processo de produção escrita, três momentos:

1- Momento da Pré-textualização. Nesta etapa da textualização, o professor discute com a criança ou adolescente o que foi lido a respeito do tema para a produção escrita e entram em jogo indagações como :

i) como será a produção (a configuração do texto em virtude do gênero textual e do suporte (portador de texto));

ii) para quem se destina a produção(destinatário) e;

iii) como será divulgada (publicada – lembrando que toda a produção textual escrita na escola deve “ser dada”(dirigida) a um leitor real, seja ele ou não da instância escolar).

Caso se desconsidere a pré-textualizacão, pode ter um texto como:


2- Momento da Textualização. Nesse instante a criança ou o adolescente escreve (produz) o texto. Após a escrita de uma primeira versão, volta-se à produção, para “apreciá-la” na condição de leitor e, então, realizar os ajustes necessários sob mediação do professor e/ ou de sujeitos mais experientes na sala de aula. Serão produzidas tantas versões quantas forem necessárias para que se considere o texto como “pronto”, isto é, dado à publicação.

Observa-se o plano da “superfície textual”, ou seja, elementos da materialidade lingüística (coesão) e, também, da estrutura global e discursiva (estrutura profunda/ideológica) que possibilitam a coerência.

3- Momento da Divulgação, quando professor e produtor do texto preocupam-se com o evento sócio-comunicativo, para divulgação da produção escrita. Estão em jogo, aqui, o portador do texto (como e em que material será publicado), o local da publicação, o planejamento do evento, dentre outras questões pertinentes a um momento de divulgação de um trabalho escrito.

III- BALIZADORES DO PLANEJAMENTO E DAS DINÂMICAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS: As Expectativas de aprendizagem do estudante do Programa de Correção de Fluxo 2012

O maior desafio neste trabalho pedagógico é desenvolver no estudante uma base de competência leitora e de produção textual. Como foi dito anteriormente, em outra palavras, leitura é o processo de produção de significados coerentes, estabelecidos por relações de interdependência entre elementos de natureza linguística recuperáveis na superfície do texto e também na condição de familiaridade em que o leitor se encontra diante do texto e seu contexto.

Construído pelo leitor em ação na prática social, esse processo de significação extrapola a mera decodificação dos sinais gráficos, como foi dito, e avança para a capacidade de compreender com criticidade, de modo que e leitura dos textos não se reduza à leitura na e para a escola, mas que, ao fazer uso de textos de diferentes gêneros, e ao refletir sobre eles, essa prática se expanda para além da lógica da vida cotidiana.

O processo de construção de significados e de produção de texto parte da ativação de conhecimentos prévios dos atores sociais e envolve vários tipos de conhecimentos: o linguístico, o de mundo, o da situação comunicativa e de suas regras, o da superestrutura dos gêneros textuais e dos tipos textuais, o estilístico e o intertextual.

Então, ao final de 2012, esperamos que o estudante envolvido neste programa, consolide as expectativas apresentadas adiante; contudo vale frisar que os conceitos/conteúdos elencados pelo professor, bem como a metodologia, a ação e a postura docente e o planejamento necessitam tomar como ponto de partida e de chegado o que se apresenta a seguir, considerando a reflexão levada a cabo até aqui.

a- Expectativas na dimensão textual

- Localizar informação explícita associada ao gênero textual.

-Identificar gênero textual por aspectos estruturais e elementos lexicais explícitos.

-Distinguir prosa e verso

-Explicitar o sentido global do texto.

-Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.

-Identificar o padrão geral de organização de gêneros textuais, associando-o à sua função social.

-Identificar informação por interpretação de material gráfico diverso em texto multimodal.

-Relacionar elementos do texto com o contexto de produção.

-Inferir o sentido de uma palavra ou expressão em função do gênero de texto e da situação de interlocução.

-Identificar informações que levem à construção de significados por meio de estratégias de antecipação.

-Identificar o tema de um texto com o auxílio de suas características tipológicas e/ou estruturais.

-Reconhecer presença de intertextualidade implícita.

-Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema.

-Identificar a tese de um texto.

-Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.

-Identificar referências e/ou remissões explícitas a outros textos.

-Localizar e relacionar informações explícitas distribuídas ao longo de um texto, sintetizando-as em uma ideia geral, uma categoria ou um conceito.

-Relacionar características básicas do gênero textual, associando-o à sua função social e/ou a seu propósito comunicativo.

-Relacionar informações para justificar o ponto de vista de autores de gêneros argumentativos.

-Reconhecer estratégias discursivas de construção de argumentos e contra-argumentos.

-Relacionar o emprego de diferentes pessoas do discurso ao gênero textual.

-Associar o conteúdo do texto a seu suporte.

-Reconhecer público-alvo ao qual se destina o texto.

-Reconhecer gênero textual por meio de aspectos estruturais e/ou de suas características composicionais.

b- Expectativas na dimensão variação linguística

-Distinguir marcas de linguagem oral e da linguagem escrita em função da situação interlocutiva.

-Justificar uso de fenômenos linguísticos das diferentes variedades da fala e da escrita, nos seguintes domínios: sistema pronominal; sistema de tempos verbais e emprego dos tempos verbais; casos gerais de concordância nominal e verbal para recuperação de referência e manutenção da coesão.

-Justificar escolhas pelo registro formal ou informal em função da situação de uso e/ou do propósito comunicativo.

-Identificar traços de formalidade e informalidade em diferentes gêneros orais.

-Identificar formas adequadas de cortesia verbal em interações orais do cotidiano comunicativo.

-Avaliar a diferença de comportamento linguístico nos processos de interação como um fato normal na língua.

-Identificar uso de palavras estrangeiras e criações neológicas como procedimentos argumentativos.

-Reconhecer efeitos de sentido decorrentes do uso de recursos expressivos peculiares ás diferentes variedades linguísticas em função do gênero textual.

-Identificar emprego de diferentes níveis de uso de construções, palavras e locuções formais, informais, eufemísticas, hiperbólicas, irônicas, jocosas, de linguagem amorosa, infantil, criminosa etc.

-Explicar o uso de determinados empréstimos linguísticos ou gramaticais de outras línguas em um texto em língua materna.

-Identificar marcas do discurso oral como procedimento argumentativo no processo de recepção de textos de vários gêneros.

-Reconhecer características da língua coloquial.

c- Expectativas na dimensão sistêmica

-Inferir significado de palavra com base em índices linguísticos e contextuais.

-Recuperar informação explícita com base em conhecimentos linguísticos.

-Identificar função de letras maiúsculas no início de frases, de nomes próprios e de títulos.

-Estabelecer relação de sinonímia entre diferentes palavras.

-Identificar a função do substantivo na nomeação de algo ou alguém.

-Associar elementos pronominais (anafóricos ou catafóricos) a seus referentes.

-Associar uma palavra ou expressão a seu referente, observando a concordância entre eles.

-Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade do fluxo informacional.

-Identificar propriedades de textualidade (continuidade, progressão, coesão e coerência) como recurso estratégico para sustentar o ponto de vista do enunciador.

-Identificar marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.

-Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções e outros elementos conectores interfrásicos.

-Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto.

-Identificar o efeito de sentimento decorrente do uso da pontuação e de outras notações.

-Estabelecer sentido com base nos sinais de pontuação, no processo de paragrafação, nas marcas do discurso direto etc.

-Identificar efeitos de ironia ou humor desencadeados por diferentes recursos linguísticos.

-Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de determinada palavra ou expressão.

-Identificar o valor semântico dos modos verbais indicativo, subjuntivo e imperativo.

-Reconhecer a função de verbos empregados nos diferentes tempos verbais.

-Estabelecer relação causa/consequência, integrando texto e material gráfico.

-Reconhecer função de palavras ou expressões gramaticais em funcionamento.

-Reconhecer o valor expressivo do adjetivo em descrições e caracterizações.

-Reconhecer efeito de sentido obtido com escolha de pronome de tratamento.

-Reconhecer função de aspectos da modalidade oral, como hesitações, indicadores de interrupção e de mudança de turnos, coloquialismo, expressões idiomáticas, presença de contrações, presentes tanto na sintaxe como no léxico.

-Identificar função e efeitos de sentido de mecanismo de textualização, como relevo, resumo, referenciação e parafraseamento.

-Reconhecer função de elementos que enfatizem a intenção de persuadir (pela emoção) e convencer (pela razão).

d- Expectativas para as estruturas do conhecimento matemático em seus domínios

-Construir significados e ampliar os já existentes para os números naturais, inteiros e racionais.

-Utilizar o conhecimento geométrico para realizar a leitura e a representação da realidade e para agir sobre ela.

-Construir noções de grandezas e medidas para a compreensão da realidade e para agir sobre ela.

-Construir noções de variação de grandeza para compreensão da realidade e para agir sobre ela.

-Construir e utilizar conceitos algébricos para modelar e resolver problemas.

-Interpretar informações de natureza científica e social obtidas da leitura de gráficos e tabelas, realizando previsão de tendência, interpolação e interpretação.

-Compreender conceitos, estratégias e situações matemáticas numéricas para aplicá-los a situações diversas no contexto das ciências, da tecnologia e da atividade cotidiana.

Para a consolidação das expectativas de aprendizagem em relação ao numeramento ou letramento matemático conforme abordado anteriormente, sugerimos conteúdos que devam estar presentes nos texto orais e escritos na interlocução das aulas neste programa:

Quantidade e medida

- Sistema de numeração decimal e suas características: agrupamentos, trocas na base 10 e valor posicional.

-Números naturais na reta numérica. Números ordinais.

-Decomposição de números naturais em suas diversas ordens.

-Adição e subtração de números naturais e seus diferentes significados

-Multiplicação e divisão de números naturais e seus diferentes significados.

-Conceito de potência e cálculos simples. Potências de 10 para simplificar a escrita de números.

-Números pares e ímpares. Números primos e decomposição de um número natural em fatores primos.

-Critérios simples de divisibilidade.

-Múltiplos de um número natural. Mínimo múltiplo comum. Ideias de dobro, triplo, dúzia e outras unidades de contagem.

-Divisores de um número. Máximo divisor comum. Ideias de metade, terça parte e outras.

-Representação Fracionária- Conceito e diferentes significados de uma mesma fração.

-Fração – Localizar na reta numérica e diferentes representações de uma mesma fração.

-Comparação de frações. Equivalência e ordenação.

-Representação decimal e localização na reta numérica do número racional.

-Comparação de números fracionários escritos na forma decimal.

-Operações de adição e subtração com números racionais, na forma fracionária e na decimal.

-Multiplicação de frações e divisão de fração por natural.

-Padrões numéricos ou geométricos em sequências.

-Sistema monetário brasileiro – reconhecimento de cédulas e moedas. Escrita de seus valores; trocas e troco.

-Porcentagem – conceito como fração, Porcentagens simples (25%, 50%, 100%).

-Conceito de medida: medidas de grandezas com unidades convencionais ou não.

-Unidades de medidas de comprimento, massa, capacidade, temperatura, energia – km, m, cm, kg, MG, L, mL, °C, W, KW. Conversão de unidades.

-Unidades de medida de área – múltiplos, submúltiplos e conversões.

-Unidade de medida de tempo e intervalos de tempo. Calendário.

-Horários em relógios mecânicos e digitais.

-Possibilidades. Contagens simples, com ou sem o princípio fundamental da contagem.

Espaço e forma

-Noções intuitivas de retas paralelas, concorrentes e perpendiculares, retas horizontais e verticais.

-Ângulos como mudança de direção ou giro; ângulos agudos, obtusos e retos.

-Poliedros e corpos redondos: propriedades comuns e diferenças e relação das figuras tridimensionais com suas planificações.

-Figuras bidimensionais: propriedades comuns e diferenças relativas a número de lados, tipos de ângulos.

-Quadriláteros e sua classificação pela posição relativa de seus lados (paralelos perpendiculares).

-Ampliação e/ou redução de figuras poligonais em malhas quadriculadas com verificação de conservação ou modificação de medidas de lados, perímetro, ângulos, área.

-Localizar/movimentação de objetos em mapas, croquis e no sistema cartesiano (1º quadrante). Noções de direita/esquerda, acima/abaixo, para trás/para frente etc.

-Minimização de caminhos entre pontos em malhas quadriculadas ou não.

-Área de figuras planas em malhas quadriculadas ou não e por decomposição.

-Movimentações isométricas no plano (translações, rotações e reflexões) de figuras desenhadas, ou não, em malhas quadriculadas e congruência.

-Linhas, ou eixos, de simetria de figuras planas desenhadas, ou não, em malhas quadriculadas.

Incerteza

-Leitura e uso de dados apresentados em tabelas e/ou gráficos simples.

-Ideia de probabilidade. Representação da probabilidade em forma de percentual ou fração.

-Média aritmética e sua interpretação.

A Arte e a Educação Física atuam integradamente ao que está previsto anteriormente possibilitando ao estudante a compreensão da corporeidade, do movimento, da simetria (assimetria), do espaço, do tempo, entre outros, trazendo à aula, de forma lúdica, elementos para que cada sujeito se compreenda como homem/mulher, social, histórico e culturalmente produzido e produtor.

Os textos da Arte serão de grande proveito para tratar o sujeito do ponto de vista das ciências humanas enquanto que, os da Educação Física, podem realizar uma abordagem também sobre a égide das ciências naturais.

Concluindo, então, as orientações apresentadas constituem-se em um primeiro passo para a realização de atividades de aprendizagem com o objetivo de possibilitar o acesso e o aprofundamento às habilidades de leitura e de escrita com vistas ao letramento. Contudo, compete ao professor buscar alternativas para as dinâmicas didático-pedagógicas em sala de aula, através da indagação constante sobre a produtividade do trabalho docente para a aprendizagem do adolescente. A inquietação epistemológica deve fazer parte da vida profissional do educador. Paulo Freire, em Pedagogia da Autonomia, afirma que ensinar é pesquisar – indagar-se constantemente. O professor deve avançar do nível da criticidade e da curiosidade ingênua para a criticidade e a curiosidade epistemológica através da constante reflexão sobre seu trabalho e sua postura docente.

Referência:

ANDRADE, Renato J. de (Org.). Avaliação da competência na educação básica: um marco referencial para a prática. São Paulo: Moderna, 2011.

FERREIRA, Isaac. Coerência, informatividade e ensino: estudo e reflexão em textos de professores do Ensino Fundamental. 2000. 148f. Dissertação (Mestrado em Lingüística) Programa de Pós-Graduação em Lingüística da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis: UFSC.

____. O gênero textual na formação docente e na sala de aula: cenas de compreensão, produção e divulgação de texto. 2007. 278f. (Doutoramento em Linguística). Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis: UFSC.

____. Sobre esfera social, gênero textual e tipologia textual: conceitos e ponderações para a prática pedagógica. In: HEINIG, Otília L. de O. M. & FRONZA, Cátia de A. (Org.) Diálogos entre linguística e educação, II: a linguagem em foco: a interlocução continua. Blumenau: Edifurb, 2011, p. 105-112.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 33ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

FURLANETTO, Maria Marta; BORTOLOTTO, Nelita. Ensino da língua: mudar para quê?. Palestra proferida na I Conferência Estadual de Educação – SINTE – UFSC em 06/03/1997. Florianópolis, 1997. Disponível em http://br.geocities.com/agatha. Acesso em 31.12.2006.

GONÇALVES, H. A. O conceito de letramento matemático: algumas proximações. Disponível em: www.virtu.ufjf.br/artigo%202a14.pdf. Acesso em: 11 fev 2010.

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação e do Desporto. Proposta Curricular de Santa Catarina: educação infantil, ensino fundamental e médio: Disciplinas curriculares. Florianópolis: COGEN, 1998.

______. Secretaria de Estado da Educação e do Desporto. Diretrizes 3: organização da prática escolar na educação básica: conceitos científicos essenciais, competências e habilidades. Florianópolis: Diretoria de Ensino Fundamental/Diretoria de Ensino Médio, 2001

______. Secretaria de Estado da Educação, Ciência e Tecnologia. Proposta Curricular de Santa Catarina: Estudos Temáticos. Florianópolis: IOESC, 2005.



[1] Texto produzido pelo Prof. Dr. Isaac Ferreira – (2012) – SED/DIEB

segunda-feira, 2 de abril de 2012

PROGRAMA CORREÇÃO DE FLUXO



PROGRAMA CORREÇÃO DE FLUXO

  1. JUSTIFICATIVA/ FUNDAMENTAÇÃO

Foi realizado um levantamento de dados quantitativos dos estudantes com mais de 13 anos que frequentam os quintos e sextos anos (séries) na rede estadual de educação de Santa Catarina no ano de 2011, e se constatou relevante distorção entre série e idade. A distorção idade série decorre de inúmeros fatores, entre eles apontamos o ingresso tardio à escola por viver distante de Unidades Escolares e deficiência no transporte, ingresso tardio por ser portador de necessidade especial e ter frequentado espaços específicos como APAES, e na grande maioria dos casos por retenção, em consequência da reprovação. Assim a retenção é um dos aspectos a qual temos obrigação de pesquisar, entender e deter seu avanço. Nesse sentido, há a necessidade de oferecer o atendimento e que permita a correção do fluxo idade/série e a recuperação dos saberes que lhes possibilitem o ingresso no Ensino Médio com condições de permanência e aproveitamento.

Para muitos educadores a reprovação é defendida como forma de pressionar o aluno a estudar, a se comprometer com os processos de escolarização. Há ainda os que defendam a retenção para que haja efetivamente a aprendizagem de conteúdos não aprendidos que acabariam por não permitir sucesso do estudante na série seguinte. E sem dúvida uma prática bastante condenada, ainda é atual a prática da reprovação como castigo por indisciplina e mau comportamento.

Em contraponto estudos da sociologia da educação e da pedagogia demonstram que a reprovação pode ser consequência de vários fatores, isolados ou em conjunto. Existem dificuldades que estão ligadas à questão da aprendizagem anterior, como falta de base, aulas desinteressantes, sistema de avaliação inadequado, questões psicológicas e relacionamento com os professores e colegas, No entanto, os estudiosos são unânimes em afirmar que esta é uma experiência desnecessária porque, além de ser um atraso na vida acadêmica do estudante, influencia negativamente na autoestima da criança ou do adolescente. Este é um importante aspecto para o trabalho em direção ao sucesso escolar, saber que todos podem aprender e empreender com o aluno a desconstrução de estigmas, que por certo, ele carrega de seu histórico de fracasso escolar. Entendemos que esta atitude deve ser assumida por todos que venham a desempenhar suas ações em turmas de correção idade/série.

O pesquisador Bernard Charlot em sua obra Relação com o saber formação de professores e globalização (2005) explicita que a relação com o saber é uma condição que se estabelece desde o nascimento, uma vez que "nascer significa ver-se submetido à obrigação de aprender". A condição humana exige que seja feito um movimento, "longo, complexo e nunca acabado", no sentido de se apropriar (parcialmente) de um mundo preexistente. Essa apropriação obrigatória desencadeia três processos: de hominização (tornar-se homem), singularização (tornar-se exemplar único) e socialização (tornar-se membro de uma comunidade).

O ato de construir-se e ser construído pelos outros é a própria Educação, entendida de forma ampla, em situações que ocorrem dentro e fora da escola. É por meio de suas experiências que a criança, toma contato com as muitas maneiras de aprender. Ela pode adquirir um saber específico, no sentido de compreender um conteúdo intelectual (a gramática, a Matemática, a história da arte), pode dominar um objeto ou uma atividade (como caminhar, amarrar os sapatos, nadar) e pode aprender formas de se relacionar com os outros no mundo (saber cumprimentar as pessoas, ter boas maneiras à mesa).

Nesse ir e vir da relação com o mundo, com os outros e consigo mesmo, se forma o desejo de aprender. É esse desejo que propulsiona a criança em direção ao saber. Em pesquisas de campo, Charlot e sua equipe identificaram que esse "direcionar-se para o saber" pressupõe um movimento de mobilização - e não simplesmente de motivação. "O conceito de mobilização se refere à dinâmica interna, traz a ideia de movimento e tem a ver com a trama dos sentidos que o aluno vai dando às suas ações", explica Jaime Giolo, professor titular da pós-graduação em Educação da Universidade de Passo Fundo (UPF) e estudioso do pensamento de Charlot. "A motivação, por sua vez, tem a ver com uma ação externa, enfatizando o fato de que se é motivado por alguém ou algo."

Convém considerar que a apropriação do conhecimento é um direito social previsto pela Constituição Federal de 1988, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/LDBEN 9394/1996, Estatuto da Criança e Adolescente, portanto é responsabilidade do Estado propiciar condições para que este direito seja garantido com qualidade. A correção de fluxo, ou aceleração de estudos para alunos com distorção idade/série, é garantida no Artigo 24, inciso, V alínea b da LDBEN 9394/1996.

Com este entendimento, passa-se a adotar uma postura profissional em que se faz necessário produzir condições específicas para a aprendizagem destes meninos e meninas que tem a singularidade de estarem no limiar da infância e da juventude, que tem dificuldade em se identificarem nas metodologias tradicionais de ensino e aprendizagem e que não concebem os conteúdos escolares como parte integrantes de suas vidas, assim a relação com os saberes exige um novo movimento de tempo-espaço, de metodologia diversificada e de foco num currículo com significado. Pois só com estas condições se oportuniza a conclusão do Ensino Fundamental com as competências necessárias a continuidade dos estudos.

2. OBJETIVOS

· Corrigir o fluxo idade/série de 100% dos estudantes do Ensino Fundamental.

· Recuperar os saberes que possibilite terminalidade deste contingente no Ensino Fundamental e ingresso no Ensino Médio com condições de permanência e aproveitamento.

3. COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES

3.1 SED – Organiza a Política de correção de fluxo idade/série, produz programa factível as escolas, designa a coordenação do Projeto nas Gerências Regionais de Ensino que ficará ao encargo do Supervisor de Educação Básica e Integrador de Ensino Fundamental, pela formação dos professores e outros profissionais envolvidos no processo, e, produção de materiais didáticos.

3.2 GEREDs – Designar os profissionais de Ensino para coordenar a implantação do Programa nas escolas, acompanhar seu desenvolvimento através de reuniões, participação em Conselhos de classe e atividades dos comitês e trabalhos que o órgão central os convoquem.

3.3 UNIDADE ESCOLAR – Reestruturar o PPP desenturmando os alunos com distorção idade-série, do contingente de estudantes do 5º e 6º ano, para enturmá-los em turma de correção de fluxo. Cada escola onde será implantado o projeto vai elaborar um diagnóstico dos estudantes que irão frequentar estas classes, frente ao currículo descrito no documento “Orientação Curricular com foco no que ensinar: Conceitos e Conteúdos para a Educação Básica-2011”. Questionando: Quantos dominam a escrita? Quantos leem e escrevem? Quantos dominam os cálculos? Após o diagnóstico dos estudantes elegíveis para o programa a escola organizará novas formas de enturmação para que num período de um ano estes concluam o Ensino Fundamental. Viabilizar espaço físico (sala) para o funcionamento da(s) turma(s).

3.3.1 O aluno com deficiência

O aluno com deficiência não será eletivo para o Programa de Correção de Fluxo. Após estudos com estabelecimento explícito de critérios produzidos pela Fundação Catarinense de Educação Especial, estes alunos poderão ser incluídos em tempo oportuno no programa.

3.3.2 A coordenação do programa na escola será desenvolvida por:

a) Diretor da Escola

b) Assistente Técnico Pedagógico (40 horas)

c) Orientador/Supervisor/Administrador escolar (Especialista)

A coordenação Pedagógica deve estar a cargo do ATP ou Especialista em assuntos Educacionais e nas escolas onde não houver este profissional a cargo do Diretor. Compete a este coordenador assegurar o Planejamento coletivo, onde as demais áreas do conhecimento se envolvam e contribuam com textos e materiais que serão a base do trabalho de leitura e escritura desenvolvido com os estudantes, articulando todas as disciplinas inerentes ao Ensino Fundamental. O coordenador pedagógico deve organizar estudos sobre avaliação do processo ensino e aprendizagem auxiliando os professores em suas necessidades para o sucesso do projeto.

3.3.3 Professores

Os professores que atuarão diretamente com as turmas de correção de fluxo serão licenciados nas seguintes disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, Artes e Educação Física.

A escolha por estas disciplinas se deve ao fato de que a escrita e a leitura são aspectos fundamentais da Língua Portuguesa e igualmente importantes para a formação inicial dos educandos possibilitando a apropriação, interpretação e entendimento das demais áreas do conhecimento. O raciocínio lógico presente ensino da Matemática possibilita o entendimento e compreensão do mundo nos aspectos práticos da vida cotidiana. Outro fator são os índices apontados pelos Sistemas de Avaliação do MEC – Prova Brasil e SAEB.

As disciplinas de Artes e Educação Física permitem o desenvolvimento dos elementos motores e artísticos que facilitam a compreensão e apropriação do conhecimento. Ainda, é importante salientar, que, embora estejam previstas estas disciplinas curriculares, os conteúdos deverão ser desenvolvidos a partir da perspectiva interdisciplinar, com planejamento das aulas a partir de Projetos ou Atividades de Aprendizagem que envolve todos os conteúdos curriculares para o Ensino Fundamental. Por isso, os professores das demais disciplinas deverão atuar no projeto, especialmente no planejamento.

  1. Matriz Curricular

2231

10 horas para Matemática/2 horas aulas de planejamento coletivo;

10 horas para Língua Portuguesa/2 horas aulas de planejamento coletivo;

03 Artes/2 horas aulas de planejamento coletivo;

02 Educação Física/2 horas aulas de planejamento coletivo

DISCIPLINAS

CARGA HORÁRIA ALUNO

LÍNGUA PORTUGUESA

10

MATEMÁTICA

10

ARTES

03

EDUCAÇÃO FÍSICA

02

TOTAL

25

Matriz 2256 – Matriz Planejamento - Curricular

CARGA HORÁRIA PROFESSOR

DISCIPLINAS

02

LP

02

MTM

02

EF

02

Artes

08

Simulação de horário escolar:

2ª feira

3ª Feira

4ª Feira

5ª Feira

6ª Feira

LP

MTM

Artes

MTM

MTM

LP

MTM

LP

MTM

MTM

MTM

EF

LP

LP

Artes

MTM

LP

MTM

LP

LP

Artes

LP

MTM

EF

LP

  1. COMPOSIÇÃO DAS TURMAS

As turmas serão formadas preferencialmente pelos alunos já matriculados na Unidade Escolar. Todos os alunos desenturmados de 5º ou 6º anos, do EF de 09 (nove) anos e dos de 6ª série do EF de 08 ( oito) anos formarão uma única turma com terminalidade de Ensino Fundamental, equivalente ao 9º ano, e /ou, 8ª série.

Número de alunos por sala

Mínimo: 12

Máximo: 25

Idade: 13 anos ou mais para quem estiver no 5º e 6º ano do EF de 09 anos, 14 anos ou mais para quem estiver no 6º série do EF de 08 anos.

  1. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E EQUIPE

- Cursos e ou seminários de formação para os professores das disciplinas curriculares das turmas, coordenado pelas GEREDs;

- Curso e ou seminários de formação para a equipe pedagógica e administrativa das escolas que terão as turmas, coordenado pelas GEREDs;

- Oficinas de atividades pedagógicas com os profissionais envolvidos;

- Reuniões periódicas seguindo o fluxograma: SED – GERED – ESCOLA – POFESSORES;

- Pensar uma política efetiva de formação e metodologia para os anos iniciais do EF – compromisso em alfabetizar efetivamente as crianças até o terceiro ano do Ensino Fundamental e solidificar a alfabetização até o 5º ano, sem retenção. (Sugestão - transformar em Projeto de Lei).

7. AVALIAÇÃO

Realizada por todos os envolvidos, incluindo alunos e pais, a partir das atividades realizadas e dos objetivos alcançados. Organizar um instrumento próprio para o Programa vinculado a matriz curricular.