Estado de
Santa Catarina
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21ª Gerência de Educação-
Criciúma - Supervisão de Educação Básica e Profissional
CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA TURMAS CORREÇÃO DE FLUXO LÍNGUA
PORTUGUESA
“SABERES NECESSÁRIOS A PRÁTICA EDUCATIVA”09-07-2012
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA
A prática da leitura se faz presente em
nossas vidas desde o momento em que começamos a "compreender" o mundo
à nossa volta. No constante desejo de decifrar e interpretar o sentido das
coisas que nos cercam, de perceber o mundo sob diversas perspectivas, de
relacionar a realidade ficcional com a que vivemos, no contato com um livro,
enfim, em todos estes casos estamos de certa forma, lendo - embora, muitas
vezes, não nos demos conta.
A atividade de leitura não corresponde
a uma simples decodificação de símbolos, mas significa, de fato, interpretar e
compreender o que se lê. Segundo Angela Kleiman, a leitura precisa permitir que
o leitor apreenda o sentido do texto, não podendo transformar-se em mera
decifração de signos linguísticos sem a compreensão semântica dos mesmos.
Nesse processamento do texto, tornam-se
imprescindíveis também alguns conhecimentos prévios do leitor: os linguísticos,
que correspondem ao vocabulário e regras da língua e seu uso; os textuais, que
englobam o conjunto de noções e conceitos sobre o texto; e os de mundo, que
correspondem ao acervo pessoal do leitor. Numa leitura satisfatória, ou seja,
na qual a compreensão do que se lê é alcançada, esses diversos tipos de
conhecimento estão em interação. Logo, percebemos que a leitura é um processo
interativo.
Quando citamos a necessidade do
conhecimento prévio de mundo para a compreensão da leitura, podemos inferir o
caráter subjetivo que essa atividade assume. Conforme afirma Leonardo Boff,
cada um lê com os olhos que tem. E interpreta onde os pés pisam. Todo ponto de
vista é a vista de um ponto. Para entender o que alguém lê, é necessário saber
como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isto faz da leitura sempre
uma releitura. [...] Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor.
A partir daí, podemos começar a
refletir sobre o relacionamento leitor-texto. Já dissemos que ler é, acima de
tudo, compreender. Para que isso aconteça, além dos já referidos processamento
cognitivo da leitura e conhecimentos prévios necessários a ela, é preciso que o
leitor esteja comprometido com sua leitura. Ele precisa manter um
posicionamento crítico sobre o que lê, não apenas passivo. Quando atende a essa
necessidade, o leitor se projeta no texto, levando para dentro dele toda sua
vivência pessoal, com suas emoções, expectativas, seus preconceitos etc. É por
isso que consegue ser tocado pela leitura.
Assim, o leitor mergulha no texto e se
confunde com ele, em busca de seu sentido. Isso é o que afirma Roland Barthes,
quando compara o leitor a uma aranha:
[...] o texto se faz,
se trabalha através de um entrelaçamento perpétuo; perdido neste tecido - nessa
textura -, o sujeito se desfaz nele, qual uma aranha que se dissolve ela mesma
nas secreções construtivas de sua teia.
Dessa forma, o único limite para a
amplidão da leitura é a imaginação do leitor; é ele mesmo quem constrói as
imagens acerca do que está lendo. Por isso ela se revela como uma atividade
extremamente frutífera e prazerosa. Por meio dela, além de adquirirmos mais
conhecimentos e cultura - o que nos fornece maior capacidade de diálogo e nos
prepara melhor para atingir às necessidades de um mercado de trabalho exigente
-, experimentamos novas experiências, ao conhecermos mais do mundo em que
vivemos e também sobre nós mesmos, já que ela nos leva à reflexão.
E refletir, sabemos, é o que permite ao
homem abrir as portas de sua percepção. Quando movido por curiosidade, pelo
desejo de crescer, o homem se renova constantemente, tornando-se cada dia mais
apto a estar no mundo, capaz de compreender até as entrelinhas daquilo que ouve
e vê, do sistema em que está inserido. Assim, tem ampliada sua visão de mundo e
seu horizonte de expectativas.
Desse modo, a leitura se configura como
um poderoso e essencial instrumento libertário para a sobrevivência do homem.
Há, entretanto, uma condição para que a
leitura seja de fato prazerosa e válida: o desejo do leitor. Como afirma Daniel
Pennac, "o verbo ler não suporta o imperativo". Quando transformada
em obrigação, a leitura se resume a simples enfado. Para suscitar esse desejo e
garantir o prazer da leitura, Pennac prescreve alguns direitos do leitor, como
o de escolher o que quer ler, o de reler, o de ler em qualquer lugar, ou, até
mesmo, o de não ler. Respeitados esses direitos, o leitor, da mesma forma,
passa a respeitar e valorizar a leitura. Está criado, então, um vínculo
indissociável. A leitura passa a ser um imã que atrai e prende o leitor, numa relação
de amor da qual ele, por sua vez, não deseja desprender-se.
Leitura: do conceito
às orientações
“Quem lê constrói sua própria ciência” (João Álvaro Ruiz)
A leitura tem importância fundamental na vida das pessoas. A necessidade de muita leitura está posto entre todos, haja vista, que propicia a obtenção de informações em relação a qualquer contexto e área do conhecimento, assim como, pode constituir-se em fonte de entretenimento. Para uns, atividade prazerosa, para outros, um desafio a conquistar. Urge compreender que a técnica da leitura garante um estudo eficiente, quando aplicada qualitativamente.
O que é ler? Qual a importância da leitura? Quais procedimentos práticos para uma leitura eficiente? Questões óbvias, que pela sua evidência pouco são problematizadas.
Etimologicamente, ler deriva do latim “lego/legere”, que significa recolher, apanhar, escolher, captar com os olhos. Nesta reflexão, enfatizamos a leitura da palavra escrita. No entanto, entendemos, com Luckesi (2003, p. 119) que “[...] a leitura, para atender o seu pleno sentido e significado, deve, intencionalmente, referir-se à realidade. Caso contrário, ela será um processo mecânico de decodificação de símbolos”. Logo, todo o ser humano é capaz de ler e lê efetivamente. Destarte, tanto lê o conhecedor dos signos lingüísticos/gramaticais, quanto o camponês, “não letrado”, que, observando a natureza, prevê o sol ou a chuva.
É mister, primeiramente, frisar que a leitura é muitíssimo importante, pois “[...] amplia e integra conhecimentos [...], abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência [...]”(RUIZ,2002,p.35).
Investigações atestam que o sucesso nas carreiras e atividades na atualidade, relacionam-se, estreitamente, com a hábito da leitura proveitosa, pois além de aprofundar estudos, possibilita a aquisição dos conhecimentos produzidos e sistematizados historicamente pela humanidade.
O objetivo maior ao proceder à leitura de uma determinada obra consiste em “[...] aprender, entender e reter o que está lendo.” (MAGRO, 1979, p. 09). Por conseguinte, inquestionavelmente, a leitura é uma prática que requer aprendizagem para tal e, sem sombra de dúvida, uma atividade ainda pouco desenvolvida. Neste particular, Salomon (2004, p. 54) enfatiza que “a leitura não é simplesmente o ato de ler. É uma questão de hábito ou aprendizagem [...]”. Além do incentivo e à promoção de espaços permanentes de leitura é preciso criar o prazer para este ofício.
O deleite advindo da leitura não se conquista num passe de mágica, espontaneamente. Requer opção, atitudes coerentes e pertinentes ao objetivo proposto. Dmitruk (2001, p. 41) afirma, convictamente, que “[...] não importa tanto o quanto se lê, mas como se lê. A leitura requer atenção, intenção, reflexão, espírito crítico, análise e síntese; o que possibilita desenvolver a capacidade de pensar.”
Indubitavelmente, é preciso saber ler, ler muito e ler bem. Considerando apropriações de estudos realizados com o intuito em aperfeiçoar o hábito de leitura, elencamos alguns aspectos e/ou habilidades que julgamos pertinentes, nesta perspectiva:
1º - Ler com objetivo determinado, isto é ter uma finalidade. Saber por que se está lendo;
2° - Ler unidades de pensamento e não palavras por palavras. Relacionar idéias; 3º - Ajustar a velocidade (ritmo) da leitura ao assunto, tema e/ou texto que está lendo:
4º - Avaliar o que se está lendo, perguntando pelo sentido, identificando a idéia central e seus fundamentos;
5º - Aprimorar o vocabulário esclarecendo termos e palavras “novas”.
O dicionário é um recurso significativo. No entanto, palavra-chave, analisadas no contexto do próprio assunto em que são usadas, facilita a compreensão;
6º - Adotar habilidades para conhecer o livro, isto é, indagar pelo que trata determinada obra;
7º - Saber quando é conveniente ou não interromper uma leitura, bem como quando retomá-la;
8º - Discutir com colegas o que lê, centrando-se no valor objetivo do texto, visto que “o diálogo é a condição necessária para a indagação, para a intercomunicação, para a troca de saberes[...]”(ECCO,2004,p.80).
9º - Adquirir livros que são fundamentais (clássicos), zelando por uma biblioteca particular, assim como, freqüentar espaços e ambientes que contenham acervo literário, por exemplo, bibliotecas;
10º - Ler assuntos vários. Não estar condicionado a ler sempre a mesma espécie de assunto;
11º - Ler muito e sempre que possível; 12º - Considerar a leitura como uma atividade de vida, não desenvolvendo resistências ao hábito de ler.
As orientações supracitadas terão efeitos promissores, se observadas efetivamente, na prática, do contrário, não passam de mero palavreado. A leitura eficiente, depende de método. No entanto, incontestavelmente, o método está na dependência de quem o aplica. Não bastam somente boas intenções. São necessárias ações congruentes aos desígnios.
É fundamental compreender que, na formação de cada cidadão bem como de um povo, a leitura é de máxima importância, representando um papel essencial, pois revela-se como uma das vias no processo de construção do conhecimento, como fonte de informação e formação cultural. Ademais, “ler é benéfico à saúde mental, pois é uma atividade Neuróbica. A atividade da leitura faz reforçar as conexões entre os neurônios. Para a mente, ainda não inventaram melhor exercício do que ler atentamente e refletir sobre o texto.” (WIKIPÉDIA, 2006,p.01).
O ato de ler é um exercício de indagação, de reflexão crítica, de entendimento, de captação de símbolos e sinais, de mensagens, de conteúdo, de informações... É um exercício de intercâmbio, uma vez que possibilita relações intelectuais e potencializa outras. Permite-nos a formação dos nossos próprios conceitos, explicações e entendimentos sobre realidades, elementos e/ou fenômenos com os quais defrontamo-nos. (UNB-GESTAR II)